sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

E, agarrado, ao balão, subiu aos céus.

Vasco pousou o jornal em cima da mesa e chamou o mordomo. «Edmundo» disse «traz-me um chá...preto». Não houve resposta. «Edmundo» chamou novamente elevando a voz. Silêncio. «Edmundo...» berrou, « mas que raio !!» disse, erguendo-se da cadeira. Quando chegou à copa viu o mordomo sentado com os ombros descaídos e as mãos penduradas ao longo do corpo. No chão estava o DN aberto num artigo de opinião - A porcaria. «Senhor», disse Edmundo «como foi possível escrever isto...? O senhor não é assim». E continuou lacrimejando, «eu sempre pensei que aquela porcaria que traduziu lhe ia fazer mal!» «Fazer mal?» tartamudeou Vasco. «Sim» respondeu Edmundo e continuou, «aquela dos infernos, aquilo é só horror, torturas e sangue vertido, e...eu...eu...sempre pensei que lhe ia fazer mal». Vasco ficou atónito. Como explicar a obra prima de Dante? Oh Deus, como era difícil ter de conviver com tanta alma simples. Populares...cogitou. E o lábio superior arqueou num trejeito irreprimível.

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